quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Per View, livro sobre o Pestana Palace Hotel


Livro com fotografias de Cátia Castel-Branco.
Os textos são meus.
(excerto)
A vida em modo ficção

O meu coração muda de ritmo apenas em circunstâncias específicas. Dentro dele o “extraordinário” é associado a momentos em que a realidade se aproxima da ficção. A mesma ficção que alimenta histórias de cinema e literatura, a ficção que, por vezes, se apodera da vida.
São pequenos instantes capazes de nos transportar, e graças aos quais o corpo se consegue projectar em personagens magníficos, protagonistas sem limites. As pessoas que vivem momentos assim deixam certamente que uma parte de loucura se apodere da sua razão, mas contornam a rotina com sonhos. Pautam o dia-a-dia com fantasias. Existem obviamente lugares com místicas propícias para que estas situações possam acontecer. Os hotéis são territórios de excelência. Lugares de passagem, lugares em que pessoas de mundos distintos se cruzam, transitam e se encontram. Os hotéis onde se iniciam casamentos e onde o tempo é esquecido numa tentativa de fazer restart. Hotéis que abrigam escritores, estrelas de rock ou líderes políticos. Hotéis que evocam histórias de amor, paixões secretas, e que deixarão para sempre actrizes a deambular nos seus corredores. A mística dos hotéis faz parte do inconsciente de todos. Foram muito romanceados, imortalizados vezes sem conta pela cultura moderna. O que acontece se juntarmos a um hotel a magia de um palácio? Os palácios que nos acompanham desde o tempo dos contos, e que visitamos sem conseguir desmitificar. Palácios que associamos a reis, a príncipes e princesas, à nobreza, às festas, ao glamour. Palácios de salas que se ligam umas nas outras num sem-fim de possibilidades. Entrar no Pestana Palace Hotel é deixar que uma espécie de equação matemática infalível se apodere da realidade. Entrar aqui é assinar um pacto com a ficção.

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