sexta-feira, 4 de julho de 2008

Dita Von Teese - entrevista

























Podia dizer que esteve sentada à minha frente com um chicote. Mas eu estava mesmo em Lisboa, na chuva, ela na cidade do anjos... Fica aqui uma parte da entrevista publicada na fanzine do Lux em Fevereiro 2008.

Qual é tua memória de adolescência mais forte?

Talvez o meu trabalho como empregada numa loja de lingerie e o meu namorado “super-hot” que jogava pólo aquático... Acho que só voltei a ver homens tão excitantes em Portugal!
No liceu eras uma rapariga popular?
De certa forma sim... Não era uma rapariga que tivesse muitos amigos, tinha uma amiga próxima chamada Brooke. Ela e eu formávamos um par ambíguo: namorávamos com rapazes mais velhos e vestíamos de forma estranha, com roupas «vintage». Toda a gente sabia quem nos éramos, nós sabíamos quem eram os outros, mas não fazíamos propriamente a «coisa social». Nós odiávamos o liceu.
O que fizeste na primeira vez que os teus pais te deram autorização para sair à noite?
Não me lembro... Nem me recordo de ter uma autorização... Simplesmente ia... Fazia o meu trabalho, tinha boas notas na escola e um namorado. Não era uma “party girl”. As minhas noites
fora de casa eram passadas com o meu namorado em casa dele.
Imagino-te miúda a ensaiar espectáculos sozinha no teu quarto, é verdade? O que fazias?
Só me lembro de actuar - não eram espectáculos de striptease, claro – para a minha família, quando era miúda. Brincava toda produzida sozinha no meu quarto em frente ao espelho. Costumava roubar e experimentar a lingerie da minha mãe.
A tua primeira recordação musical?
Adorava as canções da Barbara Streisand dos anos 60.
Conta-me como era o ambiente, e o que sentiste durante a tua primeira actuação...
É difícil dizer como foi a primeira vez... Fiz ballet toda a vida e depois, quando era adolescente, actuava em discotecas que faziam raves. Só mais tarde comecei a trabalhar num bar de strip... Nunca houve assim um grande momento que pudesse chamar a grande estreia. Foi uma coisa contínua... Umas coisas levaram a outras.
Disseste várias vezes que tinhas trabalhado muito para chegar onde chegaste. Qual é que achas que foi o ponto de viragem da tua carreira?
Mudou tudo muito rapidamente depois de ter feito a capa da Playboy. Isso foi a maior mudança. Depois houve a actuação que fiz em Londres numa festa da Jade Jagger... Provocou um efeito “splash” na imprensa.
Como te lembras da tua época mais underground? Como era quando actuavas em discotecas mais pequenas na Califórnia? Tens nostalgia desses tempos?
Bem, não eram discotecas assim tão pequenas. Foi na época da cena rave em Los Angeles, entre 1989 e 1992. Aquilo era gigante! E sim... Tenho saudades dessas noites, saudades de poder «passar-me» sem ninguém a olhar para mim ou a julgar-me. Poder
dançar sozinha na pista a noite toda.
Qual foi a coisa mais estranha que te aconteceu durante uma actuação?
Apagaram-me as luzes uma vez, numa discoteca porque pensaram que ia ficar completamente nua! Tinham medo de ser multados. Foi em São Francisco em 1999.
Se pudesse dar um passeio nocturno contigo, onde é que me levavas... Se estivéssemos em Nova Iorque?
Não dou propriamente passeios em Nova Iorque, não é a minha cidade.
... em Paris?
A qualquer lado! Amo todos os centímetros de Paris
... e em Vegas?
Levava-te a passear pelo meu quarto de hotel gigantesco, de 2400 metros quadrados, onde vivi, no MGM Grand, quando estive a actuar no Crazy Horse! It’s massive!
Onde fizeste a tua melhor performance?
O espectáculo que fiz na gala Louis Vuitton em Paris parece ter ficado na cabeça das pessoas, bem como um que fiz em Cannes no jantar da Amfar. Montar um batom gigante e giratório da Viva Glam, é uma excitação para o público.
O que pensas dos strips masculinos?
Gostava que existisse qualquer coisa como um strip masculino elegante e sofisticado. Eu consigo imaginar algo assim mas infelizmente, os espectáculos existentes não parecem ter em conta mulheres com os mesmos gostos que eu... Eu e muitas pessoas que conheço! Eu podia criar um show burlesco que teria um lógica de tolerância zero em relação a coisas foleiras.
Quem é que achas que se sente mais ameaçado pela tua imagem de sex symbol: os homens ou as mulheres?
Eu sei que maioria dos meus fãs são mulheres que se sentem inspiradas a conhecer a sua “inner sexbomb”.
Preocupam-te as reacções das pessoas ao teu espectáculo?
Nope! E se me preocupasse servia para quê? Nunca vamos estar todos de acordo sobre o que é a beleza, o que é o talento, o que é bom e o que é mau. Seria absurdo tentar agradar toda a gente. Faço isto à minha maneira, como qualquer “entertainer” deve fazer.
Qual é o teu fetiche?
Roupas que exageram as formas femininas
A banda sonora ideal para um striptease?
A coisa mais importante é escolheres uma música que tenha algum significado para ti.
Conta-me um segredo?
Não!
Como é que gostarias de ser lembrada?
Como uma grande estrela do burlesco. Lá em cima, ao lado de gente como Sally Rand, Gypsy Rose Lee and Lili St. Cyr...
Tiago Manaia
ps: vejam um strip no link carregando no link em baixo, ajuda a perceber.